24 de novembro de 2008

Humm!

Todos os dias ele acordava cedo. Saltava da cama no primeiro ruído do despertador. Apanhava a toalha e se dirigia ao banheiro. Logo ligava o chuveiro e o deixava assim enquanto fazia a barba. Já de barba feita, despia sua samba canção e deliciava-se com um banho quente. Enquanto lavava os cabelos sempre se recordava dela. Ela que por tantas vezes implicara com seus cabelos desalinhados... Vestia-se apressado, pois sempre acabava perdendo minutos preciosos em devaneios feitos sob a água do chuveiro. Perfumava-se e apanhava as chaves do carro e partia. Com o carro em movimento, ligava o rádio. Sempre uma canção de amor. Sempre aquela fisgada por dentro. Seguia adiante tentando afastar aquela saudade de si.

No trabalho era sempre o mesmo, exigente, responsável e justo. Sua voz grave, assustava num primeiro momento, mas logo era identificada como sinônimo de confiança e praticidade. Não era homem de meias palavras ia direto ao assunto, sempre... no trabalho. No que dizia respeito a sua vida amorosa... que vida amorosa? Saía com uma e outra, se satisfazia, mas não vivia. Nunca havia vivido uma relação. Quando chegara perto disso, a perdera... por medo de dizer o que sentia. Por recear não ser correspondido. Por medo de perder...perdera.

Ás vezes na solidão do seu quarto, logo depois de retornar de uma farra qualquer, se perguntava por que sua vida tomara esse rumo. Tinha certeza de que perdera a sua chance de ser feliz quando ela partiu. Desde então não se ocupou de ninguém. Não conseguia entender que fora ele quem a abandonara quando não se permitiu dizer, falar, amar, quando deveria. Não entendia que tão imporante quanto sentir é manifestar aquilo que se passa por dentro.


( continua...)