25 de julho de 2009
17 de julho de 2009
Sutilmente (Skank)
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
13 de julho de 2009
Sagitário&Leão II
Quando estacionou seu carro na garagem de casa, eram quase 10 da noite. Entrou em seu quarto e jogou-se na cama, exausta. Depois de 15 minutos deitada olhando pro lustre do quarto decidira que o melhor a fazer era tomar um banho e preparar algo pra comer. Jogou o bendito scarpin salto agulha no velho baú dos dispensáveis e se entregou àquela merecida ducha. Nossa, como um bom banho revigora. Na cozinha optou por um sanduíche magro de peito de peru e um copo de suco de maçã. Mesmo não querendo a imagem do indescente escritor não saía de sua cabeça. Decidiu folhear um de seus livros, Celsius insistira pra que ela lesse, afinal Sr. Mendez era agora do catálogo da Cores & Livros. Abriu aleatoriamente num conto entitulado "O Romance Proibido de Bernardo Castanheira". Entertida lera as 25 folhas seguintes num piscar de olhos. A escrita dele era envolvente.
11 de julho de 2009
Sagitário&Leão
Quando ela nasceu não surgiu nenhuma nova estrela no céu fluminense, ela nem mesmo nasceu no Rio. Seus olhos não eram de cigana, tampouco oblíquos e dissimulados. Não era Diva, Lucíola ou Helena. Não havia uma descrição na literatura na qual ela se encaixasse, mas ainda sim tinha um 'quê' de heroína. Talvez porque sua história pudesse ser a de qualquer uma, ou porque Ele pudesse ser de qualquer uma?! Mas fato é que Ele era dela e definitivamente aquela era uma história singular.
Fosse pela combinação explosiva, Sagitário&Leão, fosse pela sequência em que os fatos aconteceram, a história entre aquela heroína sem folhetim e o indecente contador de histórias não tinha nada de comum. De início tiveram um primeiro encontro nada convencional. Ela que raras vezes na vida ousara calçar um salto agulha decidira sair aquele fatídico dia de julho no topo de um. Por obra do destino ou sabe lá do que, naquele mesmo dia enquanto estava a caminho do trabalho seu chefe lhe telefonara e a incubira de ir ao encontro de um excêntrico escritor pouco conhecido, mas de grande futuro, com quem a editora na qual trabalhavam vinha flertando. Ele queria discutir a respeito do perfil da empresa e se a mesma atendia às necessidades dele, aos ideais dele. Ela teve a sensação de que seria um dia daqueles. Se dirigiu ao bendito encontro. Falar sobre a editora seria fácil, ela amava aquele ambiente. Aguentar o mala do escritor é que seria o problema. Ela não se lembrava de ter visto uma foto se quer do abençoado. Estava confiando na descrição que seu chefe lhe fizera, e no garçom que no hotel lhe indicaria a mesa em que o Sr. Mendez a estava esperando pro café. De repente começou a achar que o salto tinha sido uma boa escolha, estava mais elegante. Chegara ao local, mas ele não estava no café do hotel. Decidiu sentar-se a uma das mesas, pediu a um dos garçons que a avisasse quando o Sr. Mendez entrasse no salão ou o conduzisse à mesa em que ela se encontrava. Pediu uma xícara de café, abriu o seu notebook a procura de uma apresentação de slides que ela havia confeccionado sobre a editora e que havia impressionado bastante o ultimo escritor que contrataram. Estava distraída quando uma perfume divinamente masculino adentrou suas narinas e uma voz rouca pronunciou seu nome.
- Pois não - levantou o olhar e engoliu seco. O Sr. Mendez era lindo! Seu chefe não havia lhe dito isso. Sempre que se falava dele na editora, a conversa girava em torno da excentricidade do escritor, jamais ouvira alguém referir-se aos belos atributos daquele senhor. Sim, um senhor. Para ela que tinha vinte e poucos anos, aquele homem podia perfeitamente ser seu... pai! Aham! Ele tinha quase uns cinquenta. Que charme têm os homens nessa idade! Informação e experiência, é tudo de bom. Ela então se levantou pra cumprimentá-lo. Foi nessa hora que se deu o desastre absoluto. Ela acabou esbarrando na mesa, o que fez com que a xícara de café oscilasse, com medo de que o líquido negro destruísse os gigas de informação contido naquele black piano repousado sobre a mesa ela avançou sobre o mesmo e logo em seguida afastou-se, desequilibrou-se sobre o salto agulho e foi de encontro ao chão. O mico do século. Como uma editora em via de assinar um contrato promissor manda uma funcionária tão estabanada lhe representando? Nitidamente divertindo-se com aquela situação, Sr. Mendez estendeu a mão e ajudou-a a se levantar. Ela completamente embaraçada já não sabia o que dizer. Tinha a certeza de que se houvesse um avestruz por ali, disputaria o buraco com ele. Salto agulha acabara de entrar para seu Index Proibidex. O querido escritor, certificado de que ela estava bem ( o que ela poderia dizer? Ai meu bumbum?), direcionou a conversa para o possível contrato. Momentaneamente fez com que ela esquecesse o quanto envergonhada estava. Enquanto tomava algo do tipo café com chantilly, ela apresentou-lhe os slides e ele falou sobre o projeto do novo livro. Ele era bem articulado, como ela imaginou que fosse. Não parecia excêntrico. Não mencionou ceitas estranhas da qual fosse membro ou estava vestido de maneira extravagante. Na verdade estava bastante elegante e charmoso. E tinha um olhar... putz. Que olhar! O cara era tudo de bom. Duas horas depois, particularmente, ela sentia que o contrato estava fechado. Levantou-se, agradeceu a atenção e desculpou-se pela cena que protagonizara. Enquanto fixava o olhar nos lábios dela, ele enfatizara o quanto adorara sua companhia. Disse que se pudesse fazer algo para impedir que um hematoma surgisse em tão formoso traseiro, ele faria. "O quê? Ele disse isso mesmo? Aquilo era uma cantada?" Com essa observação quanto a sua formosura, ela incomodada com o 'abuso' daquele senhor, estendeu-lhe a mão a fim de sair daquele ambiente... 'que manhã! Ele sustentou o aperto de mão por mais tempo que o necessário, e então permitiu que ela se fosse.
Enquanto dirigia de encontro a editora ela repassava os acontecimentos daquela atribulada manhã. Será que era culpa daquele bendito salto agulha? Fosse ou não fosse, ela decidira aposentar temporariamente aquele sapato.
7 de julho de 2009
6 de julho de 2009
5 de julho de 2009
Julho de 83 (Nenhum de Nós)
3 de julho de 2009
E agora?
Estou por assim dizer vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.
Além do que: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode -se tornar o inferno humano- já me aconteceu antes.
Pois sei que -em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade- essa clareza de realidade é um risco.
Clarice Lispector