por Camila Barreto
"Quando escrevo, não o faço pelo simples fato de fazê-lo. Escrever constitui-se pra mim num exorcismo sublime da alma, da minha alma. Quando pouso minhas mãos sobre uma lâmina de celulose, seja ela de que cor ou espessura for, traço com veêmencia os fantasmas que assobram a minha existência. Todas as emoções que vivo, aprisiono dentro de um potinho de verbetes que inutilmente trancafio num canto de minha self, numa maneira singular de absorver problemas e enterrá-los junto a meus pensamentos. Assim, quando traço distraídamente quaisquer palavras, quando as faço sem esmero algum e numa constância frenética, estou exercendo meu processo catártico. Crio personagens pra mim mesma, e expurgo todas as amarguras que possa ter. Às vezes crio coisas à minha revelia, falo sobre coisas que nem mesmo sei. Quase sempre os pensamentos criam asas, as emoções decolam e as palavras tomam vida. Quase sempre não consigo controlá-las. Uma vez grafadas deixam de ser minhas, só minhas, e passam a ser do tempo, e de quem quer que seja."