15 de fevereiro de 2008

Nem tudo está perdido..

Acordou cedo, mas não quis se levantar. Gostava de ficar deitada, pensando na vida. Muitos planos começavam assim. Pensou no que tinha feito no dia anterior, e no que poderia fazer no dia que começava. Alguns pensamentos perturbadores lhe rondaram a mente. Como eles eram gostosos! Abraçou o travesseiro e espreguiçou. Bom diaaaa!!! Sentiu "aquele" perfume no ar. Como era possível? A mente. Oh mente. Sentiu um aperto no peito. Uma saudade. Decidiu tomar um banho gelado. O dia só estava começando.

Saiu de casa, indo de encontro a velha rotina. Como era cansativa. Mas no fundo lhe fazia bem. Ocupava-lhe a mente. Problemas? Haviam ali. Mas esses desviavam sua mente de "outras" questões. Essas doíam lhe a mente e o coração. Em ocasiões assim, sempre se lembrava de sua sábia avó: "Minha filha, o que não tem remédio, remediado está"! Procurava acreditar nisso e deixar o assunto morrer, mas nem sempre conseguia.

Passou o dia todo imersa em atividades corriqueiras e repetitivas, as quais sempre respondia automaticamente. Procurava se concentrar nelas, para assim garantir uma certa tranquilidade.
Já estava tarde quando conseguiu sair do trabalho. Passou pela padaria, comprou algo pro lanche da noite. E partiu rumo à sua casa. Ia pensando em como as coisas sempre aconteciam do mesmo jeito. Nenhuma novidade, nenhuma emoçao. Questionava se agira certo. E se justificava, dizendo não haver outra razão. Ele não lhe dera outra opção. Resolveu entrar numa livraria que ficava próximo a sua casa, quase nunca a vira fechada. Entrou, folheou algumas revistas. Decidiu comprar uma. Só tinha uma nota grande na carteira, o caixa não tinha troco. Voltou correndo ao carro, em busca de uns trocados que deveriam estar no porta-luvas - sempre os jogava lá. Revolvendo a papelada que havia lá. Entre recibos de banco, cupons fiscais, bilhetes de loteria e dinheiro, ela encontrou algo que mudaria a sua noite, talvez a sua vida. Escrito num papel simples, estava tudo o que ela esperava ter ouvido e não ouviu:

"B. , mesmo que você nunca encontre este bilhete ou que por algum motivo não mais estejamos juntos quando por acaso o encontrar, jamais se esqueça de mim. Mesmo sem nunca ter lhe dito isso... Mesmo que você não acredite... não há uma outra pessoa no mundo com a qual eu me preocupe mais do que com você. Não há pessoa mais interessante, inteligente e surpreendente que você. Talvez eu nunca tenha coragem de olhar em seus olhos, enfrentá-los e dizer o quanto lhe amo. Mas gostaria que você soubesse. Você já faz parte de mim. Te amo! E."

Seus olhos se encheram de lágrimas. Era tudo o que precisava saber. Entendeu o porque do perfume que sentira logo cedo. Ele esteve ali. Ele estava com ela, todos os dias. Mesmo que as coisas não tivessem caminhado como queria, agora ela sabia: ele a amava. Olhou para os céus e agradeceu a Deus. Gargalhou, sua avó estava errada, pra tudo havia uma solução. Pra Deus tudo é possivel. Fez uma prece por E.,onde quer que ele estivesse Deus o abençoaria. Voltou a livraria, os olhos ainda úmidos. Pagou pela revista e agradeceu à moça. Ela sem nada entender, consentiu. B. saiu feliz. Nem tudo estava perdido... amara e fora amada.

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